lundi 5 septembre 2011

Petalas e O bobo Martim



Fala o Bobo Martim...

( ... ) Nao ouves correr ao longe o rio Mondego?
Cada um de nos era um espelho reflectindo
a sua propria imagem e nada se deixava fixar.
O ar cheirava a âmbar, a resina e a morte também…
Dorme, dorme minha rainha, sou eu o teu bobo,
o irmao de giba e de gaguez do teu amante.
Estamos tao sos, sinto a tua alma alumiando a minha.
Deixa-me falar contigo, trago-te a sua confissao.
Ele foi o teu lobo e o carrasco que nao se soube perdoar.
Neste teu reino és duas vezes rainha.
Tudo foi bom, tudo foi benzido.
Ah, Coimbra foi a nossa mae, tudo floriu,
os campos, as margens, o povo seguia o teu andor…
A corte lamentava-se, tremendo de medo.
O rio encheu-se de luzes inclinadas para te saudarem.
Eis-te agora tao proxima duma eternidade de pedra.
Chega-me o sono…
Adeus.
Até ao fim do mundo.

LM. Maio 2006

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