samedi 6 septembre 2008

cartas de amor de pedro e inez, le reste est silence







Cartas de amor de Pedro e Inez

Pedro,
Me voici prête au dernier adieu, puisqu’il allège le peuplier
de ses feuilles sombres, tardives.
Il y a des roses qui habillent ma gorge de satin parfumé.
L’odeur m’apaise et la nuit rentre en moi par la bouche
Et fait éclater ma poitrine.
Ma peur se roule à tes pieds, se cache sous la terre que tu parcours.
Je suis l’oiseau poursuivi par les chiens d’un roi qui ignore tout de la passion.
Un insecte apeuré et ses ailes me crucifient à un destin
qui s’écrit par-delà un lit de pierre dentelée.
Je demande au vertige de ne pas rougir l’eau de notre fontaine,
qu’il tarde de le faire.
Le quart de lune décroisse encore sous le lourd
témoignage de ce crime.
Il est le seul témoin de cet abandon.
L’adieu est l’oraison que je répète au temps qu’ils me volent,
à la vie qui me reste.
Ma bouche ne bouge pas, elle boude.
Pedro, ne laisse pas la trahison lever le poignard qui menace ma quiétude.
Reviens et protège-moi de tout ce qui me tue.
Fais-vite, le diable me colle son pas, il me glace le visage de ses doigts impairs.
Inez, Paris Juin 1997

cartas de amor de pedro e inez











Carta de amor de Pedro e Inez

Pedro,
Neste refugio onde a solidao é uma porta que nos fecha a boca,
o meu pensamento todo te é oferecido.
O silêncio testemunha desse dom e a meu recolhimento nele.
Nao quero ver para além do teu corpo que me acolhe e onde me escondo,
nele encontro e bebo o mel do meu consolo.
Para quê este sofrimento que me tolhe a alma,
alagando os campos do Mondego
de tanta lagrima e dor ?

Para onde correm as sombras que caminham neles ?
Julguei mal a minha força, o cansaço fez-me prisioneira
cosendo-me a este espaço onde me guardas do mundo.
Adeus amor, o meu peito jà nao chora de te ver partir
e o meu braço é uma asa desprendida que te acena lentamente.
Senhor, eles jà me mataram antes do punhal.

Inez, Paris, Fevereiro 1994

Le reste est silence










la ronde heureuse devant le public )

Fondation Gulbenkian , Paris.

Le reste est silence


Cartas de amor de Pedro e Inez

Première lettre :

« Depuis que vous êtes parti la fontaine des amours c’est tarie.
Ici tout est devenu lent étiré. Les pierres s’enfoncent dans le marais

honteuses de porter votre oubli.

Sur les murs se dessinent des routes griffées, poreuses.
J’y vois couler des larmes.
Aujourd’hui le soleil blesse mes yeux de sa lumière trop vive.
Je me cache dans la forêt, elle me parle, me caresse la peau.
Près de la carrière mon arbre frémit.
Je pose mon front sur son écorce, le sève monte, ma langue l’accueille.
L’amour attend votre retour pour faire jaillir l’eau à nouveau.
les seins des femmes pointent déjà, des mains se serrent.
Autour de la source un peu de mousse verte grouille de vie et de joie.
Tout bouge en cadence et m’annonce l’évanouissement du jour.
Je vous quitte, le crépuscule envahi la plaine et la maison,
notre maison, est un temple éteint.

Inez, paris, août, 1994



Spectacle présenté au Portugal et à Paris pendant l'année Inesiano,
les 65O ans de la morte d'Inez de Castro la Reine Morte.
D.Pedro- david weiss

Martin, o bobo- guy segalen
La nourrice- au Portugal antonio laginha,
Paris, martine vinsani.
L'auteure- bernadette hildeilfinger
Ineses...emerentienne dubourg, anne savina,
lidia martinez
textes- eduarda dionisio, lidia martinez.
création lumières- patricia godal,
paysage sonore- thierry jousse, emanuel balzani, lidia m.
costumes, éléments scèniques- lidia martinez
manteau de D.Pedro- véronique dandeker
vidèo- kader ramhany
photos: véronique dandeker, guy vivien

merci à tous...
obrigada a Jorge Sampaio e os amigos de Pedro e Inez,
quinta das lagrimas.
merci à monsieur le directeur de la gulbenkian à Paris,
joao pedro garcia et madame de Vasconcellos,
ainsi que josé manuel esteves et adelaide cristovao,
colloque à Nanterre.

le reste est silence


- ( ...) Perdoo-te porque jà esqueci, nao posso fazer de outra maneira; Degolaram-me. Nesse gesto tudo se cristalizou. A morte ficou presa à lâmina e deu-me volta ao pescoço, cortando-me. Fiquei presa a esse instante e tudo foi precipitaçao, maos doridas e sangue a jorrar. Devo ter caido no chao com a cabeça inclinada, os olhos ainda a ver. Deixaram-me ali aberta à noite com o ventre cheio de uma pequenina morte. Nao te lembras? Morremos todos juntos nessa noite. Nao sei se estava escuro por dentro ou por fora, so agora me sinto toda e vazia . Nada importa mais. O perdao nao é para a aqui chamado. Arruma o novo saber com ele e deixa que me liberte deste frontal destino a que me forças-te. Pedro: - Talvez possamos agora experimentar o caminhar lado a lado. Inez: -Talvez...se nao tiveres pressa de chegares a lado nenhum. Pedro: Daqui para diante so o instante conta. Inez: - Isso lembra-me algo de santo! Pedro: - Ouves o acordar do novo mundo? Inez: -Ouço-te a ti e a mim, nada me soa estranho. Pedro: - O ressoar de todos os passos me doem no corpo. Nao ouves os gritos de alegria e as preces de bem-haja? Inez: - Nao sei se vou gostar de viver numa eternidade fora da pedra, desprotegida andei eu quando te amava. Se calhar prefiro esconder-me em caixas, ser perfume de rosas e um lenço de linho com o teu nome bordado. Assim uma coisa que se pode perder no bolso do casaco. Deixa-me percorrer cega a brancura da luz que enxergo. Ser so ela e mais nada, é a essa a libertaçao a que anseio, jà que tanta escuridao me fechou a cara. Mandas-te escrever na pedra " Até ao fim do mundo", agora jà là chegamos. A partir de agora vou por ai cumprimentar a obra divina. Pedro: - Entao a partir de hoje fica tudo por escrever."(...)
" o resto é silêncio "
extracto, LM

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