Cartas de amor de Pedro e Inez
Cartas de Amor échangées entre les amants depuis toujours...
samedi 23 juin 2012
A minha Historia com a Inez
A minha Historia com a Inês
Esta salvaçao … ________________________________________________
Tenho de vos contar, acrescentando
que vou entrar na 19 tentativa...cénica de " salvar a Inez".
Este amor...é o amor, ao que eu a obrigo é sem nome...
voltar e reviver o drama em gente.
L’éternel recommencement, uma nostalgia do frio
na pedra, a do po eterno e da interminàvel espera.
Mas ainda nao estou em pele total d'inez....
Serà esta mais uma tentativa abortada ?
A décima nona, agora :
Repito, este amor… é o amor.
Um eterno reviver da sua morte, numa condenaçao sem nome.
Em estàtua roedora, numa nostalgia do frio,
Inez hoje, desfaz-se na noite.
Ofrenda ùnica, no lugar do seu rosto, sugiro-lhe uma noite antiga…
Era assim uma vez, uma menina que vinha a acompanhar
a futura rainha de Portugal.
Cabelos de oiro fino, como na cançao de embalar, colo de garça diria a poetisa Natàlia… » nao façam caso que é…pequenina, a minha menina, a minha menina… », tenho ganas de a cantar , embalar a morte, distrai-la, deixar de ter medo por ela.
Assoprar-lhe ao ouvido que isto tudo nao passa de um fado, de uma maldiçao…aconteceu naquela tarde em Paris, onde me escondi num canto, toda enrolada num pano azul, uma noite de Coimbra, talvez.
Tinha bordado, cosido um vestido tao pesado jà…uma trintena de reliquias dentro da grande bolsa onde escrevera : Sao rosas Senhor !
Uma santa e a outra quase, nenhuma delas o desejara ser.
So queriam ser amantes dos homens delas, eram reis ou infantes… destemidas elas, foram seguindo cada uma o seu coraçao, instintos e foram so amor.
Uma transformou o pao em rosas…assustada claro, com cheiro a lirios nunca mais se livrou da sua santidade e o Rei, nunca mais a tocou, que triste ficou a mulher nela ! Até se ia zangando com o Senhor… « Porque me deste este castigo ? « , dizia magoada dentro da carne.
Inez, foi escrevendo ao infante e ele caçava, guerreava, fugia do pai, matava os javalis e gostava de vadiar.
Gaguejava um pouco, mas quando a defendia, a sua voz crescia e até lhe ficavam com medo.
Foi assim que fez, mas nao chegou para salvar a amante. Maldito seja o rei D.Afonso IV !
Isto pensava eu escondida na Galerie du Latina, à espera dos convidados. Afinal, tive de ir com ela nas pernas, custou um pouco, a argila no corpo secava e eu jà nao podia abrir a boca, nem falar por ela.
Cortei a palavra com o corpo pesado ao sr Embaixador
que acatou, sabia da viagem…o outro era um Presidente, nao achou graça nenhuma à menina, mas eu ou ela, qual foi de nos aquela que se deitou no chao com as rosas, e gritou : « Foi por amor senhor, perdao !??? «
Aquilo foi mesmo do fundo da alma, o pùblico nem pestanejou !
Calaram-se, eu fiz a performance e no fim, houve festa
e distribuiçao de reliquias.
Depois trocaram um coraçao de inez pelo punhal de
D. Pedro…tudo a fingir, foi bonito.
Jà tinha escrito umas cartas de amor a fingir, também…
mas afinal eram verdadeiras cartas de amor, ridiculas, claro…o Pessoa tem sempre razao.
A partir dai o que dizer ?
A inez entrou-me pela casa, como as aves, sem querer, ficou por aqui a penar, um passaro de asas partidas, a miar desesperos pelo Pedro, o Pedro…jà nao a pudia ouvir !
Seguiu-me até Nova York, onde jà dançei a verao 5+1, em Brooklyn. O pùblico americano em silêncio nao percebia porque que é que aquela » santa »…caminhava tao lentamente com o Phil Glass a batalhar no leitmotiv , repetindo, repetindo…mal sabiam eles que a guerra para
a salvar jà me tinha deslocado à Carolina do Norte, ao Massachusetts, a Paris, Lisboa, Cracovia….e a morte sempre nos pés, nao nos largava.
Houve também jornalistas que disseram coisas lindas, a Wanda achou que os enteados nao tinham os direitos dos filhos, ora bem ! As bastardas continuaram de experimentar, e na pele. O Sérgio foi escrevendo sobre ela, com ela, as cartas eram pao.
As ditas Cartas de Amor de Pedro e Inez, acabaram em livro nas ediçoes ulmeiro, em bilingua, agora hà tantas mais !
Os livros objectos foram crescendo, acumulando as historias, as notaçoes, tantas.
Desenhos, pinturas, cartas, poemas, joias de pano, vestidos, acessorios, elementos cénicos, porcelanas, cerâmicas, perucas, prendas, fotografias, colagens, filmes, videos, musicas, lindas, tudo lindo…é assim que diz a minha amiga Olga de Nova York.
Viemos dançar no ano inesiano convidados pelo Dr Jorge Pereira de Sampaio, a mae do senhor director tinha visto ou lido o meu livro, falou nele ao Jorge e là vim eu, com a Inez, o Pedro, o Emanuele, a Patricia, o David, o Antonio, a Véronique…e andamos por ai nos mosteiros a dançar a contar a nossa historia com ela, sempre a morrer ao fim, sempre até ao fim do mundo, ou quase.
Cada vez que escrevo uma peça inesiana, para ver se tenho mais sorte, coso, bordo um vestido para ela…a ver, digo eu…
Desta vez nao vou dançar, estou so a exorcisar o desejo de o fazer. Senti que da ùltima vez ela se cansava nestas idas e voltas com o além, mas no que diz respeito à nossa troca epistolar, nao hà problemas, eles là se entendem.
Leio-vos um extracto, de uma pequenissima carta de Inez. Chegou antes de ontem, é mais ou menos assim :
Pedro,
Depois de arder em estàtua, numa tumular exibiçao,
amortalhada e virada a norte, sofro desta eternidade em mim.
Hà horas em que sinto os anjos enrolarem-se –me ao pescoço,
e de noite, quando todos os que aqui vieram sonhar com o nosso maior amor, face a face, se apartam e voltam para viver as suas vidas em consolos mùtuos, estas pedras se dobram por mim. Sacodem-se com sùbitos ares de guardadores de um grave tesouro, e assopram o po que em que se desfazem o meu vestido e suas rendas.
Fixo o céu, penso que a tua morte se pica destes residuos, que eles se esforçam por nos adornarem em conjunto, com as joias do tempo a traçarem o meu destino de Rainha Morta.
Por ti, para ti, ainda me sei perder.
Esperando que a sorte desta roda da fortuna, te obrigue à minha mao,.
Até ao derradeiro julgamento, levo-me a mim, à minha alma, à Quinta e espero là por ti.
Responde a esta carta, com mil beijos te deixo.
Inez, Paris, 13 de Setembro de 2011
dimanche 22 janvier 2012
carta de amor, 2004
Última carta de amor de Inez a Pedro
Pedro, hoje dispo-me à nascente da fonte e ouço o melro enrolar o seu canto na força desobediente do rio.
Como ele corre lambendo o flanco das margens.
Agudo o grito do pavão branco que se passeia por perto.
Estranha a beleza que em envolve nesse instante.
Parece-me ver tudo descolado do mundo.
Uma poesia escandalosa nua e obscena na sua cruel beleza.
Vivo agora e posso morrer já tanto este mistério me é favorável e se conjuga à desordem que anima o meu sentir.
Nesta hora de exaltação pura, não chamo por ninguém.
Nem por ti, mesmo que saiba onde vives e esperas.
Não consinto que neste momento de irrealidade, e profundo amor por tudo o que vive e me está próximo da mão, venha a tua dúvida perturbar-me a mente.
Estou nua e viva e não penso em nada.
Esta brisa é fresca e cortante, a pele enrija os dentes juntam-se, cerro os punhos, se que devo guardar tudo, mesmo os gestos mais bruscos e doridos.
Muros, ruinas e musgos frescos na sombra.
Ah se for hoje o dia da traição e do punhal, saberei dizer à minha carne que não sou corrupta como ela.
Estou a inchar de medo neste amor profundo, como um ventre doente e dorido.
Tenho na pele escrita por dentro o teu nome pintado.
Como a santa limpando o nome do Senhor, avanças-te o linho que me era a carne, e por dentro, por dentro limpaste o rastro frio do teu coração.
Foi como naquela ultima noite em ti, onde através das tuas pálpebras eu via o teu sonho, e as flores eram o orvalho juntinho como pérolas e búzios, tanta imaginação me dava febre e a tua mão na minha eu nem respirava.
Beijava-te os dedos um a um e recomeçava contando até mil, para que a noite fosse mais longa.
Punha-me a fechar os olhos e a pedir a Deus que voltasse ao início do mundo para te puder esperar.
Já é outra vez manha para todos nos, devo-me vestir, tratar dos que me rodeiam, voltar a ser outra e sem vontade.
Junto a eles rezo coisas sem nexo e o amor é tanto que o sorriso me acolhe na sua boca oferecida, encontro toda a leveza do meu pecado.
Lavo neste rio os braços e as mãos que te rodeiam quando neles te enrolas.
Deixo-os assim ao gelo, redondos e suspensos, quero oferecer a coroa deste corpo a um ausente, e até que a dor se desvaneça, sem ter ninguém para me reter.
Tenho frio, o que vim eu aqui fazer nesta manhã violeta ainda por desabrochar? Entre estrume lírios piso serpentes e o veneno triste sobe-me pelas veias.
Ouço o sino da capelinha a ressoar, abre-se o arvoredo às minhas mãos. Se fugisse agora virias ao meu encontro?
Descer por ai abaixo como as cartas de amor, que escorregam até ao refúgio amigo da rocha. Ou seria melhor deixar-me afogar?
Se quiseres saber o que me leva a ficar injustamente perseguida e imóvel vais ter de ter paciência e guardar os olhos postos na eternidade.
Inez, Paris 20 de Maio de 2004.
Pedro, hoje dispo-me à nascente da fonte e ouço o melro enrolar o seu canto na força desobediente do rio.
Como ele corre lambendo o flanco das margens.
Agudo o grito do pavão branco que se passeia por perto.
Estranha a beleza que em envolve nesse instante.
Parece-me ver tudo descolado do mundo.
Uma poesia escandalosa nua e obscena na sua cruel beleza.
Vivo agora e posso morrer já tanto este mistério me é favorável e se conjuga à desordem que anima o meu sentir.
Nesta hora de exaltação pura, não chamo por ninguém.
Nem por ti, mesmo que saiba onde vives e esperas.
Não consinto que neste momento de irrealidade, e profundo amor por tudo o que vive e me está próximo da mão, venha a tua dúvida perturbar-me a mente.
Estou nua e viva e não penso em nada.
Esta brisa é fresca e cortante, a pele enrija os dentes juntam-se, cerro os punhos, se que devo guardar tudo, mesmo os gestos mais bruscos e doridos.
Muros, ruinas e musgos frescos na sombra.
Ah se for hoje o dia da traição e do punhal, saberei dizer à minha carne que não sou corrupta como ela.
Estou a inchar de medo neste amor profundo, como um ventre doente e dorido.
Tenho na pele escrita por dentro o teu nome pintado.
Como a santa limpando o nome do Senhor, avanças-te o linho que me era a carne, e por dentro, por dentro limpaste o rastro frio do teu coração.
Foi como naquela ultima noite em ti, onde através das tuas pálpebras eu via o teu sonho, e as flores eram o orvalho juntinho como pérolas e búzios, tanta imaginação me dava febre e a tua mão na minha eu nem respirava.
Beijava-te os dedos um a um e recomeçava contando até mil, para que a noite fosse mais longa.
Punha-me a fechar os olhos e a pedir a Deus que voltasse ao início do mundo para te puder esperar.
Já é outra vez manha para todos nos, devo-me vestir, tratar dos que me rodeiam, voltar a ser outra e sem vontade.
Junto a eles rezo coisas sem nexo e o amor é tanto que o sorriso me acolhe na sua boca oferecida, encontro toda a leveza do meu pecado.
Lavo neste rio os braços e as mãos que te rodeiam quando neles te enrolas.
Deixo-os assim ao gelo, redondos e suspensos, quero oferecer a coroa deste corpo a um ausente, e até que a dor se desvaneça, sem ter ninguém para me reter.
Tenho frio, o que vim eu aqui fazer nesta manhã violeta ainda por desabrochar? Entre estrume lírios piso serpentes e o veneno triste sobe-me pelas veias.
Ouço o sino da capelinha a ressoar, abre-se o arvoredo às minhas mãos. Se fugisse agora virias ao meu encontro?
Descer por ai abaixo como as cartas de amor, que escorregam até ao refúgio amigo da rocha. Ou seria melhor deixar-me afogar?
Se quiseres saber o que me leva a ficar injustamente perseguida e imóvel vais ter de ter paciência e guardar os olhos postos na eternidade.
Inez, Paris 20 de Maio de 2004.
vendredi 6 janvier 2012
Carta de Inez a Pedro
Carta de Amor de Pedro e Inez 2011
Pedro,
Depois de arder em estàtua, numa tumular exibiçao,
amortalhada e virada a norte, sofro desta eternidade em mim.
Hà horas em que sinto os anjos enrolarem-se –me ao pescoço,
e de noite, quando todos os que aqui vieram sonhar com o nosso maior amor, face a face, se apartam e voltam para viver as suas vidas em consolos mùtuos, estas pedras se dobram por mim. Sacodem-se com sùbitos ares de guardadores de um grave tesouro, e assopram o po que em que se desfazem o meu vestido e suas rendas.
Fixo o céu, penso que a tua morte se pica destes residuos, que eles se esforçam por nos adornarem em conjunto, com as joias do tempo a traçarem o meu destino de Rainha Morta.
Por ti, para ti, ainda me sei perder.
Esperando que a sorte desta roda da fortuna, te obrigue à minha mao,.
Até ao derradeiro julgamento, levo-me a mim, à minha alma, à Quinta e espero là por ti.
Responde a esta carta, com mil beijos te deixo.
Inez, Paris, 13 de Setembro de 2011
Pedro,
Depois de arder em estàtua, numa tumular exibiçao,
amortalhada e virada a norte, sofro desta eternidade em mim.
Hà horas em que sinto os anjos enrolarem-se –me ao pescoço,
e de noite, quando todos os que aqui vieram sonhar com o nosso maior amor, face a face, se apartam e voltam para viver as suas vidas em consolos mùtuos, estas pedras se dobram por mim. Sacodem-se com sùbitos ares de guardadores de um grave tesouro, e assopram o po que em que se desfazem o meu vestido e suas rendas.
Fixo o céu, penso que a tua morte se pica destes residuos, que eles se esforçam por nos adornarem em conjunto, com as joias do tempo a traçarem o meu destino de Rainha Morta.
Por ti, para ti, ainda me sei perder.
Esperando que a sorte desta roda da fortuna, te obrigue à minha mao,.
Até ao derradeiro julgamento, levo-me a mim, à minha alma, à Quinta e espero là por ti.
Responde a esta carta, com mil beijos te deixo.
Inez, Paris, 13 de Setembro de 2011
dimanche 9 octobre 2011
Conto para Inez
Inez
Uma menina sem molde, bastarda em casa de nobres castelhanos,
crescia a brincar com flores agrupando-as
em ramos coloridos.
Era como muitas outras crianças, feliz e algo inquieta.
No jardim havia um cardo, enrolado ao sol por fios de ouro.
Ele ia abrindo folhas, uma à uma, revelando os picos.
Antecipava-lhe as feridas e alguns perigos.
Aos treze anos fora escolhida para acompanhar Dona Constança
prometida ao infante D. Pedro, filho de D. Afonso IV, rei de Portugal.
Era este um homem zangado, duro e com guerras sempre por acabar.
O infante era indeciso, de poucas falas e com uma pequena gaguês
que o tornava singular.
Antes de partir, Inez sonhara com um rei que tinha uma imponente cabeça de veado.
Ele abria-lhe o corpo enorme e as patas pareciam braços que a apertavam.
Ela desparecia e escondida no seu peito, seguiam juntos pela floresta,
encobertos por uma capa de veludo bordada de folhas, rosas e espinhos.
Os pés d’Inez pousavam sobre os cascos do bicho, parecia um anjo a anunciando
um novo mundo celeste !
A pequena Castro era no sonho, um ser de corpo inteiro e de voz atenta ao seu destino.
O veado atravessou o emaranhado das silvas, saltou cercas e acabou parando
à beira de um rio, onde, baixando a cabeça, para levar àgua à sua sede,
perdeu a menina no leito frio. Inez mergulhou lúcida e sem luta,
deixando-se levar até ao princípio da vida.
Acordou exausta com o lençol molhado de làgrimas.
Levantou-se com alguma tristeza e foi correr
pelo jardim para que o dia lhe abrisse também os braços.
Já esquecida do sonho e da noite pesada, viu surgir um rapaz
que seguia louco um cão tao alto como ele.
Gritava e batia com as mãos para o afugentar…seria ?
O galgo quando viu Inez estancou e foi até ela, deitou-se no chão como um tapete.
Da sua boca ainda a arfar, caiu um pássaro ou que dele restava …
Pedro, era dele que se tratava, saltou para o chão,
vindo de uma escada.Gritou :
- Para ! Larga, larga !!!
Mas o bicho não se mexia, o cão arfava e o pássaro todo branco parecia ter caído do céu
partindo ali o pescoço.
- Raios, gritava Pedro, e pegou numa verga para castigar o cão.
Inez avançou e afoita, disse :
- Nao lhe bata, é o instinto de caçador que o leva
a cometer tais coisas, deixe-o ir.
Pedro ficou pasmado de tais falas e presença.
_ Quem, quem é a menina ?gaguejou ele.
- Sou a Inez e presumo que seja Pedro, o futuro marido
da minha senhora Constança...
- …Sim, sou eu, este, este cão, é…caça tudo.
- Ouvi dizer que vossa senhoria também…
- Eeeeeeu ?
- Sim, que é um caçador exímio.
- Pois, é verdade mas não quero que ele coma
os pássaros das gaiolas do meu quarto.
- É tão bonito…e levanta a asa do bicho morto no chão, parece um anjinho, não é ?
- Por isso, isso…fico furioso quando Garbo os mata !
Tenho de o castigar e levanta a vara contra o cão.
- Não! Deixe-o ir ou ofereça-me este animal… é lindo,
gostaria de o guardar comigo
- Quer o pássaro morto e cheio de sangue ?
- NÃO ! Quero o seu galgo caçador, vou domá-lo e adoçar-lhe o instinto.
- Guarde-o se quiser e venha jantar esta noite à minha mesa.
As sextas temos sempre…codornizes.
- Perfeito, a minha boca é boa.
- De certeza, … que…que…é, a Inez é linda.
- Agora não posso, adeus.
Saiu a correr com o galgo já atràs dela.
Pedro arrumou um chuto no pássaro que foi arrebentar contra um movel baixo.
Gritou ao pagem uma insanidade e sem gaguejar, deu ordem para limpar
o sangue que lhe manchava o chão
da ante-câmara .
LM, julho, 2011
dimanche 2 octobre 2011
Inez, uma carta
Ela disse…
Ela procurava um rio dentro do mar eterno.
Provou-lhe a prata, engolio o sono
e nao lutou para subir à superficie.
Ela pediu-lhe um coraçao novo,
para lhe bordar outro destino.
Inez debruçou-se lenta e delicada,
para lhe ouvir os passos.
Esticou os braços e julgou toca-lo.
Ele chegou mais tarde, real.
A luz dele interrompeu-lhe o sonho.
Ela disse : fala-me da beleza là fora.
Amaram-se depressa, ele disse :
Sou esta fonte que te esquece,
amargo os cantos deste quarto.
Ele disse : Morro aqui contigo, neste amor.
Corro também , louco para te chegar o beijo à boca.
Ela responde : Ri alto como a arvore,
balanço os braços até vergar o bambou,
numa tontura apago-te dos meus olhos.
LM, agosto 2009
mardi 13 septembre 2011
carta de Inez a Pedro
Pedro,
Depois de arder em estàtua, numa tumular exibiçao,
amortalhada e virada a norte, sofro desta eternidade em mim.
Hà horas em que sinto os anjos enrolarem-se –me ao pescoço,
e de noite, quando todos os que aqui vieram sonhar com o nosso maior amor, face a face, se apartam e voltam para viver as suas vidas em consolos mùtuos, estas pedras se dobram por mim. Sacodem-se com sùbitos ares de guardadores de um grave tesouro, e assopram o po que em que se desfazem o meu vestido e suas rendas.
Fixo o céu, penso que a tua morte se pica destes residuos, que eles se esforçam por nos adornarem em conjunto, com as joias do tempo a traçarem o meu destino de Rainha Morta.
Por ti, para ti, ainda me sei perder.
Esperando que a sorte desta roda da fortuna, te obrigue à minha mao,.
Até ao derradeiro julgamento, levo-me a mim, à minha alma, à Quinta e espero là por ti.
Responde a esta carta, com mil beijos te deixo.
Inez, Paris, 13 de Setembro de 2011
au sujet de la Reine Morte
Au sujet des costumes:
La robe-objet est une construction plastique
qui suit l’élaboration d’un spectacle.
Elle s’inscrit dans le temps et fait surgir
la forme pour y loger le corps.
Une façon de mesurer l’intérieur du silence
en creusant le tissu.
C’est aussi une trace brodée de l’attente,
une action humble et laborieuse,
qui trompe l’angoisse et la peur.
En les entourant de fils et de perles colorées,
je tente de les apprivoiser.
Pour la version dite 5+1 du spectacle sur la Reine Morte,
une robe plus légère
a été cousue, me dénudant davantage.
Le poids de ces robes-sculptures,
symbolisaient l’autorité lourde et écrasante
de l’interdit propre à l’état fasciste.
Un corps ficelé de l’intérieur,
caché derrière les préjugés moraux et religieux.
Il m’a fallu quatorze ans pour me libérer de cet interdit.
Et apprendre à danser, légère, en intégrant son poids dans mon corps.
Ensuite, je ne pourrais plus me laisser surprendre par sa matérialité changeante,
Sa corruption sordide.
lidia martinez- ( 1989-2006 )
Sur la Reine morte, Inez de Castro :
( … ) Sans succès et depuis 1984, Inez de Castro essaie d’échapper au drame de sa mort.
Elle marche sur ses propres traces, refaisant les gestes d’autrefois et retrouve les sensations subtiles d’une danse qui trompe la mort.
Inez revient, elle est seule et repose
la tête sur l’épaule de son amant, elle se souvient.
La Nourrice pétrit le pain ( corps d’Inez ),
qui se brise contre un destin imposé par
Le blanc récit de sa tombe.
L’évanouissement s’empare de la reine morte
et dans l’ourlet de sa robe se cachent
du sable rouge et des poignards sans maître.
Pedro l’habille de soie verte pour l’ultime parade
et déjà l’oiseau se meurt par la bouche.
LM. 2002
Extraits de presse :
« ( … ) Plein de projets en perspective pour cette artiste chorégraphe et plasticienne
qui au gré des créations, construit un univers symbolique et mythique ( … ) ».
Le Monde Interactif, Cristina Mariano.
« ( …) Lidia Martinez installe ses mythologies personnelles comme des réseaux de sens à décrypter, plutôt à ré-interpréter, dans la veine d’autres plasticiens tels Chrristian Boltanski, Mike Kelley, Richard Baquié par exemple ( … ) «.
La Marseillaise, Claude Lorin.
« ( …) Exposition monographique de cette artiste plasticienne, danseuse et chorégraphe à Miramas ( … ) »
Vogue Magazine.
« ( …) On connaissait ses solos trempés dans l’univers qui la caractérise.
En dansant multiples n’a jamais autant ému et transmis ( ... ) « .
Fédération de la Danse, Emerentienne Dubourg.
«( … ) Théâtre, danse, performance ?
Comment définir son travail ?
La frontière est son élément géographique, elle saute d’un art à l’autre avec aisance,
Cela dérange la critique et peut rendre difficile
la compréhension de son travail.
Elle est proche des artistes de » l’Art Povera « ,
par l’utilisation de matériaux conducteurs d’énergie.
L’emploi de fragments, de « déchets « soustraits à la vie,
servent à célébrer l’énigme de la vision, ils interrogent notre conception de la danse,
du théâtre, celle du créateur, de l’artiste ( … ) « .
« Le jardin de Lidia Martinez «
Isabel Vila Nova Journal des Lettres( lisbonne )
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